Acordo para o sol que,
como sempre,
ilumina sem pedir permissão.
O sorriso, que normalmente brota fácil,
hoje é tímido...
escondido nas sombras de um coração contrito,
que bate devagar,
hesitante,
como quem tem medo de tocar a própria verdade.
No dia a dia,
entre as estrelas que ainda persistem no céu,
busco um lugar para me encontrar.
Um lugar onde o ar ainda se respira com leveza
e onde a beleza não é só reflexo da luz,
mas uma marca da alma.
O cotidiano, com seus desafios e alegrias,
ensina a cativar com um simples gesto.
Mas, e quando o gesto se perde?
Quando a vontade de sorrir
se esconde em algum canto distante,
esperando o momento certo de retornar?
A amizade, essa dádiva,
se revela cúmplice nos melhores e piores momentos...
mas também se desgasta
na preguiça de quem deixa o tempo passar
sem cuidar das pequenas coisas
que fazem toda a diferença.
A lealdade, que devia ser pilar,
muitas vezes se vê abandonada
na busca insensata por algo que se julga mais importante,
mas que deixa um vazio impossível de preencher.
Rancor, mágoa, desapontamento...
Velhos conhecidos.
Sentimentos que ocupam espaço
onde poderia haver paz,
onde a bondade poderia ser semeada,
mas se perdem em um ciclo sem fim de frustrações.
Talvez seja hora de soltar as amarras
que me prendem a essas sombras
e permitir que a luz...
ainda que tênue...
entre de novo.
O vento,
que um dia esculpiu a rocha mais dura,
também pode, quem sabe,
amolecer a alma mais resistente.
A transformação está na paciência,
na espera silenciosa pela cura
que só o tempo pode trazer.
O segredo é não abandonar a jornada,
mesmo quando o peso do mundo
parece insuportável.
As estrelas ainda brilham,
o sol ainda aquece...
Talvez a chave esteja
em aprender a ouvir o silêncio do coração,
com o mesmo cuidado
que se escuta o sussurro do vento.
Hoje,
o coração bate devagar,
mas bate.
E isso, de algum modo...
já é um sinal
de que a esperança,
ainda que escondida,
persiste.
A.S.F.