quarta-feira, 30 de abril de 2025

"(DES)COMPASSOS DO DESTINO"

 

 

Talvez o amor tenha chegado...
tarde demais pra ser começo,
cedo demais pra ser eterno.
Veio como brisa fora de estação,
quando o corpo já vestia outras vontades
e a alma ainda despia lembranças.

Encontramo-nos...
não na ausência de sentimento,
mas na ausência de tempo.
Como dois astros em rotas próprias,
com órbitas que se cruzam
sem nunca se tocar de verdade.

Mas... e se o tempo não for tirano?
E se o amor, esse teimoso alquimista,
souber esperar
até que o relógio do universo
desista de impor seus ponteiros?

Ainda há chama.
Talvez frágil, talvez discreta... mas há.
E enquanto houver luz, há caminho.

Talvez hoje sejamos desencontro,
mas amanhã... quem sabe?
Possamos ser destino.

Porque o que é verdadeiro
não morre de tempo.
Só repousa.
Esperando o instante em que
os olhares se alinhem,
as almas se reconheçam,
e o amor, enfim,
chegue na hora certa.

E se não fomos um do outro
neste tempo,
quem garante que não o seremos
em algum tempo nosso?

Os amores que nascem do impossível
costumam florescer em silêncios profundos,
nos gestos que não se completaram,
nos toques que só aconteceram no pensamento.
E, mesmo assim, são inteiros.

Porque o que sentimos
não precisa de presença constante 
basta a lembrança que pulsa,
a saudade que aquece
e a fé em um reencontro qualquer.

Eu sigo...
não preso ao passado,
mas vinculado à possibilidade.
Sigo acreditando que há um lugar
onde os relógios não mandam,
onde tua ausência é só intervalo,
e tua presença é certeza sem aviso.

Se não for agora,
que seja depois.
Se não for aqui,
que seja onde as almas se entendem
sem precisar explicar os atrasos.

Não peço promessas,
nem juras ao luar...
Peço apenas que, se sentires
esse mesmo fogo manso
que me aquece, mesmo à distância,
cuide dele.

Porque onde há chama,
há reencontro.
E onde há amor,
sempre haverá esperança.

Por A.S.F.

domingo, 27 de abril de 2025

"ESPELHO, ESPELHO, MEU..."

 













 Olho pra figura diante do espelho... um mosaico de fragmentos colados com cola que não cola e esperança.

Risco um sorriso torto, como quem ensaia o deboche da própria tragédia.
É... até que ficou apresentável.

Carrego nas costas um casaco feito de derrotas costuradas com linha de dias bons.
Nos bolsos, guardo umas três ou quatro ilusões amassadas,
uns pedaços de sonhos que riram da minha cara antes de escaparem pelos dedos.

Meu olhar?
Carrega a ironia dos que já prometeram nunca mais acreditar...
e acreditaram de novo. Brilha com o sarcasmo discreto de quem já caiu mil vezes,
mas levanta como se fosse tudo parte do plano.

Cá estou, com os sapatos gastos da caminhada e a alma meio remendada.
Dançando no fio da navalha entre o "tanto faz" e o "tudo importa".
Entre o "deixa pra lá" e o "não posso desistir agora".

Às vezes penso que virei piada de mau gosto do destino.
Noutras, me reconheço como uma rima imperfeita... feia de tão sincera...
nesse poema mal diagramado... que chamam de vida.

No fundo, sei:
Sou sobrevivente daquilo que jurei não sobreviver.
E isso, de algum jeito, ainda me arranca um sorriso amargo, é claro, mas verdadeiro.

Porque no final das contas,
não importa quantos cacos eu cole...
ainda brilho um pouco.
Ainda incomodo a escuridão.

E talvez, só talvez...
isso já seja vitória.


                                                                                                                              A.S.F.

sexta-feira, 25 de abril de 2025

DAS RUÍNAS À ESPERANÇA


Acreditar…  
Palavra pequena, mas que carrega mundos.  
Quem um dia creu em castelos de areia, hoje firma os pés sobre a Rocha.

Porque acreditar não é ilusão, é resistência.  
É manter acesa a vela quando o vento sopra forte.  
É colher flores no deserto da dor, mesmo quando tudo ao redor virou cinzas.

Há quem diga que depois da queda só resta o fim...  
Mas os que acreditam sabem: é nas ruínas que Deus ergue o novo.  
É no chão da desesperança que Ele planta promessas.

Quem um dia acreditou em contos de fadas…  
Talvez tenha se ferido com a realidade.  
Mas aquele que decide crer nas Promessas de Deus 
passa a enxergar além do visível...
passa a ver o invisível moldando o impossível.

Porque a fé não é fuga,  
é força.  
E acreditar…  
É renascer onde todos só veem morte.  
É recomeçar, mesmo quando tudo diz: acabou.

                                                                           por A.S.F